Lenda 18 - Cobra Norato
14 december 2017 11:11

Lenda 18- Cobra Norato

Cobra Norato, ou Honorato, é uma das mais conhecidas lendas do folclore amazônico. Conta a lenda que em numa tribo indígena da Amazônia, uma índia, grávida da Boiúna (Cobra-grande, Sucuri), deu à luz a duas crianças gêmeas que na verdade eram Cobras. Um menino, que recebeu o nome de Honorato ou Norato, e uma menina, chamada de Maria Caninana.

Depois de nascidos, ao perceber que eram "Cobras", ela resolveu se aconselhar com um Pajé, e perguntou se devia matá-los ou jogá-los no rio. O Pajé, então respondeu que se os matasse ela morreria também. Então ela decidiu soltá-los no leito do rio Tocantins.

Lá no rio eles, como Cobras, se criaram. Honorato era bom e vinha sempre visitar a mãe. Por outro lado, sua irmã, "Maria Caninana", que era a mais pura expressão da maldade, nunca veio. Assim mesmo andavam sempre juntos e percorreram todos os rios da Amazônia.

"Maria", sendo muito má, um verdadeiro demônio, fazia muitas travessuras que desgostavam o irmão. Alagava canoas, mexia com os bichos, assombrava e afogava viajantes e banhistas, fazia naufragar embarcações, cometia, enfim, toda sorte de maldades.

Eram tantas as maldades e atentados praticadas por ela que, um dia, Honorato acabou por matá-la para por fim às suas perversidades. Honorato, em algumas noites de luar, perdia o seu encanto e adquiria a forma humana transformando-se em um belo rapaz, deixando as águas para levar uma vida normal na terra.

Outras versões dizem que, Honorato, como entidade encantada, quando queria, à noite (só à noite) transformava-se em gente, deixando à beira do rio, a monstruosa casca da cobra em que vivia. Gostava muito de dançar. Era um moço alto e bonito.

Muitas vezes ia dormir em casa de sua mãe, e então, pedia encarecidamente a esta que, antes do galo cantar, fosse ela à beira do rio, onde estava sem ação o seu corpo de cobra e que, deitando-lhe um pouco de leite na boca, lhe desse uma cutilada que o fizesse sangrar. Feito isso, ficaria ele desencantado para sempre.

A Mãe de Honorato foi muitas vezes tentar fazer isso, mas era tão grande, feia e monstruosa a cobra, que ela não tinha coragem e voltava sem ser capaz de cumprir o que lhe pedira o filho. Ele, porém, garantia que a cobra, apesar da aparência, nada lhe faria de mal.

O mesmo pedido fez eles a muitas outras pessoas, garantindo a mesma coisa, mas quando iam elas cumprir o pedido e viam tamanho monstro, corriam aterrorizadas para trás, e por isso ele não podia desencantar.

Como na tradição dos seres fabulosos das águas[2], Honorato, adorava a dança. Costumava então aparecer nos bailes ribeirinhos, encantando a todos com a sua elegância. Desaparecia para surgir, cinquenta léguas adiante, noutro baile. Na margem do rio ficava a pele enorme da cobra, esperando a volta do seu infeliz dono.

Ocorre que, estando ele certa feita nas águas do rio Tocantins, chegou a cidade de Cametá[3] (município do Pará). À noite, ali, procurou um soldado, conhecido pela sua bravura, e lhe fez o costumeiro pedido[4].

Dessa vez, aquele destemido soldado, foi à beira do rio, viu o monstro inerte, mas não recuou como todos os outros. Colocou leite na boca da cobra, e em sua cabeça deu uma cutucada com um punhal que a fez sangrar.

Pronto, a partir daquele dia, Honorato finalmente desencantou e se transformou de vez em gente. Deixou de ser cobra Dágua para viver na terra com sua família, como um homem normal.

O imenso corpo da cobra foi então queimado e reduzido à cinzas, que logo se espalharam pelo rio.

Esta é a versão corrente atualmente em todo estado do Pará. Já está integrada ao fabulário popular e perfeitamente assimilada pelos moradores locais.

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Author: Captain Skull I